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Cercosporiose do Cafeeiro

Doença pode atacar desde mudas no viveiro até lavouras adultas, que além da queda de folhas pode proporcionar queda de frutos

Publicado por: CaféPoint

Publicado em: - 5 minutos de leitura

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Por Comunicação Rehagro

Figura 1

Mancha de olho pardo ou Cercosporiose é uma doença causada pelo fungo Cercospora coffeicola BerK. & Cooke, fungo necrotrófico, que invade as células e as matam, nutrindo-se das mesmas. Essa doença pode atacar desde mudas no viveiro causando intensa desfolha, afetando o crescimento e desenvolvimento das plantas, ou mesmo lavouras adultas, que além da queda de folhas pode proporcionar queda de frutos. Por isso, a falta de um manejo adequado e sob condições favoráveis para o desenvolvimento dessa doença, pode resultar em grandes perdas na produção.

Ciclo
A disseminação do fungo é feita pelo vento, água ou insetos, que após atingir a planta e com condições favoráveis de molhamento foliar e temperatura, ocorre a germinação e penetração do tubo germinativo, que penetra através da cutícula ou por aberturas naturais. A temperatura ótima tanto para a germinação máxima quanto para o crescimento do fungo é de 24°C (QUESADA, 1950). Após a infecção o fungo produz conídios e o ciclo de se reinicia.

Figura 2

Condições favoráveis
As variáveis ambientais apresentam grande influência na relação patógeno hospedeiro, dentre elas, a exposição ao sol, molhamento foliar e temperatura. Pozza, em 2011 mostrou que a incidência de Cercosporiose é maior na face das plantas voltada para o lado norte, que apresenta maior exposição ao sol, devido a toxina cercosporina que é produzida e ativada pela presença de luz, e causa danos à membrana celular do hospedeiro. Dessa forma, a intensidade da Cercosporiose é maior em plantios a pleno sol.

Figura 3
Incidência em porcentagem da cercosporiose (Cercospora coffeicola) em frutos de café (Coffea arabica) localizados no terço mediano da planta, em cada face de exposição (norte e sul), em lavoura irrigada por pivô central. UFLA, Lavras, MG, 2011.

O molhamento foliar é um fator indispensável, pois influencia na germinação, infecção e esporulação dos fungos, dessa forma, sendo mais favoráveis condições com maior período de molhamento foliar, assim como a temperatura também colabora na incidência dessa doença. Silva em 2014 observou o progresso da Cercosporiose do cafeeiro, em diversas horas de molhamento foliar e verificou que o maior progresso da doença foi observado com temperatura de 25°C no tratamento de 72 horas de molhamento foliar.

Figura 4
Curva de progresso da incidência da cercosporiose do cafeeiro. UFLA, Lavras, MG, 2014.

Além dessas variáveis, o desequilíbrio nutricional também ajuda na Cercosporiose, da mesma forma, substratos de viveiros pobres em matéria orgânica podem acarretar em maior severidade da doença, assim como, plantios efetuados tardiamente, devido a relação água e absorção de nutrientes, também podem resultar em maior incidência dessa doença.

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Garcia Junior em 2003 realizou um trabalho com diferentes níveis de cálcio e de potássio, concluiu que, a menor área abaixo da curva de progresso da incidência (AAI) foi obtida com a dose 4 mmol/L de potássio (K), após essa dose, o acréscimo de potássio resulta em maior incidência de Cercospora, isso porque, maiores doses de K competem pelo mesmo sitio de absorção do cálcio, tornando as mudas debilitadas em cálcio.

Figura 5
Área abaixo da curva de progresso da incidência (AAI) de Cercospora coffeicola  em cafeeiro (Coffea arabica) em função de doses de potássio.

Com o aumento das doses de cálcio resultou em menor área abaixo da curva de progresso da incidência (AAI), devido à presença desse cátion no tecido foliar com níveis ideais de potássio, inibir a ação de enzimas pectolíticas produzidas por muitos parasitas de etiologia fúngica, que possuem o objetivo de dissolver a lamela média da parede celular (Marschner, 1995), por isso, o cálcio tem grande importância na constituição da parede celular e na integridade dos tecidos.

Figura 6
Área abaixo da curva de progresso de incidência (AAI) de Cercospora coffeicola em cafeeiro (Coffea arabica) em função das doses de cálcio em solução nutritiva.

Sintomas
A Cercospora pode atacar tanto folhas quanto frutos em desenvolvimento, nas folhas os sintomas característicos são manchas circulares de coloração castanho-clara a escura, com o centro branco-acinzentado, quase sempre envolvidas por um halo amarelado.

Figura 7
Sintoma de Cercosporiose nas folhas

Nos frutos, os sintomas são pequenas manchas necróticas e deprimidas, de cor marrom a negra, estendendo-se no sentido dos polos do fruto.

Figura 8
Sintoma de Cercosporiose nos frutos

Danos
A Cercosporiose pode causar queda de folhas, devido a ação do etileno, reduzindo assim o desenvolvimento da planta e podendo afetar a produtividade. Os frutos apresentam processo de maturação acelerada, dessa forma resultando em mal granados ou mesmo queda precoce dos frutos em vários estádios de crescimento, podendo resultar em fermentações indesejadas.

Além disso, a qualidade da bebida também pode ser afetada, uma vez que com o aumento de frutos infectados pela Cercospora, há uma elevação da porcentagem de polifenóis, que exercem ação protetora antioxidante de aldeídos e participam nos mecanismos de defesa da planta mediante injurias (Amorim, 1978), destacando que a concentração de compostos fenólicos é inversamente proporcional a qualidade de bebida, por isso, sob condições adversas dos grãos a enzima polifenoloxidase age sobre os polifenóis diminuindo assim sua ação antioxidante e facilitando a oxidação com interferência no sabor e aroma do café após a torração.

Figura 9
Polifenóis, em função de diferentes proporções de frutos de café infectados por Cercospora coffeicola

Controle
Como medidas gerais de controle é importante evitar as deficiências e desequilíbrios nutricionais, visto que a nutrição tem grande influência na incidência dessa doença. Assim como fornecer matéria orgânica tanto na preparação de mudas no viveiro como no campo, com o intuito de melhores condições nutricionais. No plantio, além de evitar plantios tardios, é importante que seja feita uma boa preparação do solo, a fim de evitar a compactação do mesmo, para que não afete na absorção de nutrientes pelas raízes. Também pode-se optar pela utilização.

No controle químico é importante estar atento às condições ambientais favoráveis para tomada de decisão da melhor época de aplicação, sempre monitorando a lavoura e suas condições. Os grupos químicos utilizados são: Estrobilurina, Triazol, Benzimidazol, Isoftalonitrila e Ditiocarbamato, sempre destacando a importância de alternar os ingredientes ativos, principalmente com Hidróxido de cobre e Oxicloreto de Cobre que auxiliam no controle preventivo da cercosporiose.

Figura 10

Além da escolha do ingrediente ativo a se utilizar, deve-se estar atento a tecnologia de aplicação utilizada, envolvendo todos os fatores que podem afetar a eficiência da aplicação e consequentemente a prevenção contra essa doença, que pode trazer grandes prejuízos a produção.

 

 

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Cercosporiose do Cafeeiro

Doença pode atacar desde mudas no viveiro até lavouras adultas, que além da queda de folhas pode proporcionar queda de frutos

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Figura 1

Mancha de olho pardo ou Cercosporiose é uma doença causada pelo fungo Cercospora coffeicola BerK. & Cooke, fungo necrotrófico, que invade as células e as matam, nutrindo-se das mesmas. Essa doença pode atacar desde mudas no viveiro causando intensa desfolha, afetando o crescimento e desenvolvimento das plantas, ou mesmo lavouras adultas, que além da queda de folhas pode proporcionar queda de frutos. Por isso, a falta de um manejo adequado e sob condições favoráveis para o desenvolvimento dessa doença, pode resultar em grandes perdas na produção.

Ciclo
A disseminação do fungo é feita pelo vento, água ou insetos, que após atingir a planta e com condições favoráveis de molhamento foliar e temperatura, ocorre a germinação e penetração do tubo germinativo, que penetra através da cutícula ou por aberturas naturais. A temperatura ótima tanto para a germinação máxima quanto para o crescimento do fungo é de 24°C (QUESADA, 1950). Após a infecção o fungo produz conídios e o ciclo de se reinicia.

Figura 2

Condições favoráveis
As variáveis ambientais apresentam grande influência na relação patógeno hospedeiro, dentre elas, a exposição ao sol, molhamento foliar e temperatura. Pozza, em 2011 mostrou que a incidência de Cercosporiose é maior na face das plantas voltada para o lado norte, que apresenta maior exposição ao sol, devido a toxina cercosporina que é produzida e ativada pela presença de luz, e causa danos à membrana celular do hospedeiro. Dessa forma, a intensidade da Cercosporiose é maior em plantios a pleno sol.

Figura 3
Incidência em porcentagem da cercosporiose (Cercospora coffeicola) em frutos de café (Coffea arabica) localizados no terço mediano da planta, em cada face de exposição (norte e sul), em lavoura irrigada por pivô central. UFLA, Lavras, MG, 2011.

O molhamento foliar é um fator indispensável, pois influencia na germinação, infecção e esporulação dos fungos, dessa forma, sendo mais favoráveis condições com maior período de molhamento foliar, assim como a temperatura também colabora na incidência dessa doença. Silva em 2014 observou o progresso da Cercosporiose do cafeeiro, em diversas horas de molhamento foliar e verificou que o maior progresso da doença foi observado com temperatura de 25°C no tratamento de 72 horas de molhamento foliar.

Figura 4
Curva de progresso da incidência da cercosporiose do cafeeiro. UFLA, Lavras, MG, 2014.

Além dessas variáveis, o desequilíbrio nutricional também ajuda na Cercosporiose, da mesma forma, substratos de viveiros pobres em matéria orgânica podem acarretar em maior severidade da doença, assim como, plantios efetuados tardiamente, devido a relação água e absorção de nutrientes, também podem resultar em maior incidência dessa doença.

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Garcia Junior em 2003 realizou um trabalho com diferentes níveis de cálcio e de potássio, concluiu que, a menor área abaixo da curva de progresso da incidência (AAI) foi obtida com a dose 4 mmol/L de potássio (K), após essa dose, o acréscimo de potássio resulta em maior incidência de Cercospora, isso porque, maiores doses de K competem pelo mesmo sitio de absorção do cálcio, tornando as mudas debilitadas em cálcio.

Figura 5
Área abaixo da curva de progresso da incidência (AAI) de Cercospora coffeicola  em cafeeiro (Coffea arabica) em função de doses de potássio.

Com o aumento das doses de cálcio resultou em menor área abaixo da curva de progresso da incidência (AAI), devido à presença desse cátion no tecido foliar com níveis ideais de potássio, inibir a ação de enzimas pectolíticas produzidas por muitos parasitas de etiologia fúngica, que possuem o objetivo de dissolver a lamela média da parede celular (Marschner, 1995), por isso, o cálcio tem grande importância na constituição da parede celular e na integridade dos tecidos.

Figura 6
Área abaixo da curva de progresso de incidência (AAI) de Cercospora coffeicola em cafeeiro (Coffea arabica) em função das doses de cálcio em solução nutritiva.

Sintomas
A Cercospora pode atacar tanto folhas quanto frutos em desenvolvimento, nas folhas os sintomas característicos são manchas circulares de coloração castanho-clara a escura, com o centro branco-acinzentado, quase sempre envolvidas por um halo amarelado.

Figura 7
Sintoma de Cercosporiose nas folhas

Nos frutos, os sintomas são pequenas manchas necróticas e deprimidas, de cor marrom a negra, estendendo-se no sentido dos polos do fruto.

Figura 8
Sintoma de Cercosporiose nos frutos

Danos
A Cercosporiose pode causar queda de folhas, devido a ação do etileno, reduzindo assim o desenvolvimento da planta e podendo afetar a produtividade. Os frutos apresentam processo de maturação acelerada, dessa forma resultando em mal granados ou mesmo queda precoce dos frutos em vários estádios de crescimento, podendo resultar em fermentações indesejadas.

Além disso, a qualidade da bebida também pode ser afetada, uma vez que com o aumento de frutos infectados pela Cercospora, há uma elevação da porcentagem de polifenóis, que exercem ação protetora antioxidante de aldeídos e participam nos mecanismos de defesa da planta mediante injurias (Amorim, 1978), destacando que a concentração de compostos fenólicos é inversamente proporcional a qualidade de bebida, por isso, sob condições adversas dos grãos a enzima polifenoloxidase age sobre os polifenóis diminuindo assim sua ação antioxidante e facilitando a oxidação com interferência no sabor e aroma do café após a torração.

Figura 9
Polifenóis, em função de diferentes proporções de frutos de café infectados por Cercospora coffeicola

Controle
Como medidas gerais de controle é importante evitar as deficiências e desequilíbrios nutricionais, visto que a nutrição tem grande influência na incidência dessa doença. Assim como fornecer matéria orgânica tanto na preparação de mudas no viveiro como no campo, com o intuito de melhores condições nutricionais. No plantio, além de evitar plantios tardios, é importante que seja feita uma boa preparação do solo, a fim de evitar a compactação do mesmo, para que não afete na absorção de nutrientes pelas raízes. Também pode-se optar pela utilização.

No controle químico é importante estar atento às condições ambientais favoráveis para tomada de decisão da melhor época de aplicação, sempre monitorando a lavoura e suas condições. Os grupos químicos utilizados são: Estrobilurina, Triazol, Benzimidazol, Isoftalonitrila e Ditiocarbamato, sempre destacando a importância de alternar os ingredientes ativos, principalmente com Hidróxido de cobre e Oxicloreto de Cobre que auxiliam no controle preventivo da cercosporiose.

Figura 10

Além da escolha do ingrediente ativo a se utilizar, deve-se estar atento a tecnologia de aplicação utilizada, envolvendo todos os fatores que podem afetar a eficiência da aplicação e consequentemente a prevenção contra essa doença, que pode trazer grandes prejuízos a produção.

 

 

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