riedade-robusta-sentem-muito-a-seca-237994/" />

Cafeeiros da variedade robusta sentem muito a seca

Em áreas onde não se tem muita disponibilidade de água para irrigação, deve-se dar prioridade para plantio de clones da variedade conilon ou híbridos

Publicado em: - 3 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 1
Ícone para curtir artigo 0

Observações em campo mostram que os cafeeiros da variedade robusta sentem muito os períodos de estiagem. As duas espécies de cafeeiros cultivadas comercialmente, em grande escala, são a Coffea arabica e a Coffea canephora, que resultam nos tipos de café chamados de arábicas e robustas. 

Assim como na espécie arábica, a espécie canephora possui diversas variedades, sendo as duas principais a conilon e a robusta. No Brasil, a variedade mais cultivada sempre foi a conilon, inicialmente por sementes, até a década de 1980. Depois, gradativamente, com a introdução de clones dessa variedade. 

Nos últimos anos, através de trabalhos realizados em Rondônia, foram desenvolvidos clones da variedade robusta e alguns híbridos que vêm sendo introduzidos também em outras regiões, como no Espírito Santo e no Sul da Bahia. 

Continua depois da publicidade

Os clones da variedade robusta apresentam vantagens, mas também desvantagens. Tem boa produtividade e frutos mais graúdos, e tem tendência a serem mais resistentes à ferrugem. Como desvantagem, apresentam baixo rendimento dos frutos. Na conversão do café coco para grãos beneficiados, este rendimento, conforme pode ser visto pela tabela incluída, é de cerca de 50%, semelhante ao de frutos de variedades de arábica, enquanto que no conilon esse rendimento é de 65%, ou seja, 30% maior. Isso ocorre porque os frutos do robusta tem casca mais grossa e mais mucilagem. Outra desvantagem do robusta é sua maior suscetibilidade à broca das hastes. 

Duas outras desvantagens do robusta são agora observadas. A primeira diz respeito a uma maior desuniformidade na floração e maturação dos frutos e, principalmente, a característica de maior suscetibilidade a períodos de stress hídrico. 

A característica de menor tolerância à seca de variedades robusta se explica por elas serem oriundas de países da África úmida, enquanto que a conilon veio de países da África com clima seco. A própria folhagem das plantas mostra esse aspecto. As plantas de robusta apresentam folhas grandes, enquanto que as de conilon têm folhas menores e mais alongadas. 

O aspecto de maior suscetibilidade ao estresse hídrico da variedade robusta pode ser observado nos lotes da variedade Apoatã, usada como porta-enxerto para controle de nematoides. Esses lotes se encontram plantados em áreas onde se usa a enxertia – por exemplo, na Alta Paulista, em São Paulo. Ao lado de lavouras de cafeeiros arábicas, no período seco, as plantas de robusta sempre sentem mais do que as próprias plantas de arábica, quando se sabe que as variedades tradicionais de C. canephora possuem um sistema radicular maior e mais profundo, e, por isso, se comportam melhor sob stress hídrico. Tanto assim que, nos estudos de zoneamento, o padrão considerado para a variedade conilon é de e de 300 mm de déficit, enquanto que os cafeeiros arábicas já sentem a partir de 100 mm de déficit. 

Observação dessa maior sensibilidade de variedade robusta também foi feita, agora em julho de 2024, em lote de cafeeiros robusta ao lado de outros da cultivar catuaí, plantados em Patrocínio (MG), a 970 m de altitude. As fotos incluídas ilustram essa observação. Ficou nítida a situação de maior nível de murcha e seca da folhagem nas plantas de robusta. 

Em função das observações efetuadas, indica-se que, em áreas onde não se tem muita disponibilidade de água para irrigação, deve-se dar prioridade para plantio de clones da variedade conilon, ou, então, de híbridos entre conilon e robusta que tenham, comprovadamente, as características de tolerância a estresse hídrico, restando considerar, ainda, a questão do rendimento dos frutos nesse material híbrido. 

Figura 1
Pode-se ver, à esquerda, linha de cafeeiros arábica, e, à direita, linha de cafeeiros robusta. As plantas do robusta já totalmente murchas e com folhagem queimada por estiagem, sentindo mais a seca, em comparação com as plantas de arábica

Figura 2
Comparativo do detalhe da folhagem de cafeeiros arábicas (esq.) e de robusta (dir.), em julho/2023, em Patrocínio (MG), a 970 m de altitude

Tabela 1 – Peso de frutos de cafeeiros robusta, peso dos grãos e rendimento no beneficiamento em plantas em ensaio na Fazenda Sta Helena, Areado (MG), 2017
Figura 3

Ícone para ver comentários 1
Ícone para curtir artigo 0

Material escrito por:

José Braz Matiello

José Braz Matiello

ar todos os materiais

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Max Anderson Prezotti
MAX ANDERSON PREZOTTI

LINHARES - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/03/2025

O rendimento pode ser menor no secador, porém uma enorme vantagem é a tolerância a ferrugem e outra é o rendimento por hectare. Não sendo difícil de alcançar 150 a 170 sacas / há, aqui no ES e no sistema adensado e irrigado

Cafeeiros da variedade robusta sentem muito a seca

Em áreas onde não se tem muita disponibilidade de água para irrigação, deve-se dar prioridade para plantio de clones da variedade conilon ou híbridos

Publicado em: - 3 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 1
Ícone para curtir artigo 0

Observações em campo mostram que os cafeeiros da variedade robusta sentem muito os períodos de estiagem. As duas espécies de cafeeiros cultivadas comercialmente, em grande escala, são a Coffea arabica e a Coffea canephora, que resultam nos tipos de café chamados de arábicas e robustas. 

Assim como na espécie arábica, a espécie canephora possui diversas variedades, sendo as duas principais a conilon e a robusta. No Brasil, a variedade mais cultivada sempre foi a conilon, inicialmente por sementes, até a década de 1980. Depois, gradativamente, com a introdução de clones dessa variedade. 

Nos últimos anos, através de trabalhos realizados em Rondônia, foram desenvolvidos clones da variedade robusta e alguns híbridos que vêm sendo introduzidos também em outras regiões, como no Espírito Santo e no Sul da Bahia. 

Continua depois da publicidade

Os clones da variedade robusta apresentam vantagens, mas também desvantagens. Tem boa produtividade e frutos mais graúdos, e tem tendência a serem mais resistentes à ferrugem. Como desvantagem, apresentam baixo rendimento dos frutos. Na conversão do café coco para grãos beneficiados, este rendimento, conforme pode ser visto pela tabela incluída, é de cerca de 50%, semelhante ao de frutos de variedades de arábica, enquanto que no conilon esse rendimento é de 65%, ou seja, 30% maior. Isso ocorre porque os frutos do robusta tem casca mais grossa e mais mucilagem. Outra desvantagem do robusta é sua maior suscetibilidade à broca das hastes. 

Duas outras desvantagens do robusta são agora observadas. A primeira diz respeito a uma maior desuniformidade na floração e maturação dos frutos e, principalmente, a característica de maior suscetibilidade a períodos de stress hídrico. 

A característica de menor tolerância à seca de variedades robusta se explica por elas serem oriundas de países da África úmida, enquanto que a conilon veio de países da África com clima seco. A própria folhagem das plantas mostra esse aspecto. As plantas de robusta apresentam folhas grandes, enquanto que as de conilon têm folhas menores e mais alongadas. 

O aspecto de maior suscetibilidade ao estresse hídrico da variedade robusta pode ser observado nos lotes da variedade Apoatã, usada como porta-enxerto para controle de nematoides. Esses lotes se encontram plantados em áreas onde se usa a enxertia – por exemplo, na Alta Paulista, em São Paulo. Ao lado de lavouras de cafeeiros arábicas, no período seco, as plantas de robusta sempre sentem mais do que as próprias plantas de arábica, quando se sabe que as variedades tradicionais de C. canephora possuem um sistema radicular maior e mais profundo, e, por isso, se comportam melhor sob stress hídrico. Tanto assim que, nos estudos de zoneamento, o padrão considerado para a variedade conilon é de e de 300 mm de déficit, enquanto que os cafeeiros arábicas já sentem a partir de 100 mm de déficit. 

Observação dessa maior sensibilidade de variedade robusta também foi feita, agora em julho de 2024, em lote de cafeeiros robusta ao lado de outros da cultivar catuaí, plantados em Patrocínio (MG), a 970 m de altitude. As fotos incluídas ilustram essa observação. Ficou nítida a situação de maior nível de murcha e seca da folhagem nas plantas de robusta. 

Em função das observações efetuadas, indica-se que, em áreas onde não se tem muita disponibilidade de água para irrigação, deve-se dar prioridade para plantio de clones da variedade conilon, ou, então, de híbridos entre conilon e robusta que tenham, comprovadamente, as características de tolerância a estresse hídrico, restando considerar, ainda, a questão do rendimento dos frutos nesse material híbrido. 

Figura 1
Pode-se ver, à esquerda, linha de cafeeiros arábica, e, à direita, linha de cafeeiros robusta. As plantas do robusta já totalmente murchas e com folhagem queimada por estiagem, sentindo mais a seca, em comparação com as plantas de arábica

Figura 2
Comparativo do detalhe da folhagem de cafeeiros arábicas (esq.) e de robusta (dir.), em julho/2023, em Patrocínio (MG), a 970 m de altitude

Tabela 1 – Peso de frutos de cafeeiros robusta, peso dos grãos e rendimento no beneficiamento em plantas em ensaio na Fazenda Sta Helena, Areado (MG), 2017
Figura 3

Ícone para ver comentários 1
Ícone para curtir artigo 0

Material escrito por:

José Braz Matiello

José Braz Matiello

ar todos os materiais

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Max Anderson Prezotti
MAX ANDERSON PREZOTTI

LINHARES - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/03/2025

O rendimento pode ser menor no secador, porém uma enorme vantagem é a tolerância a ferrugem e outra é o rendimento por hectare. Não sendo difícil de alcançar 150 a 170 sacas / há, aqui no ES e no sistema adensado e irrigado